Há alguns anos, Cristiane Aparecida Denck Machado, 36, descobriu um cisto no seio e procurou tratamento. O diagnóstico trouxe a notícia de que não era câncer maligno e que ela poderia iniciar o tratamento em busca da cura. Ela ficou aliviada ao saber que não era nada mais grave, porém, não parava de pensar nas pessoas que, naquele mesmo momento que ela estava passando, recebiam uma notícia que precisariam recorrer a um tratamento mais intensivo. E foi então que procurou ajuda para saber como poderia fazer uma doação de Medula Óssea. O transplante de Medula Óssea é a única esperança de cura para muitos portadores de leucemias e outras doenças do sangue.
Também comovida com a situação, Kátia Denise Cardoso, 28, cunhada de Cris, conta que sempre teve vontade de fazer doação de órgãos e sempre deixou isso muito claro para sua família. Ela, que acompanha Cristiane desde o início dessa história, diz que nunca tinha pensado em fazer doação de medula, mas ao saber da atitude da cunhada, também decidiu que iria se informar para fazer a doação. “Faz algum tempo que estou buscando informações para fazer a doação, mas tudo que sei foi pela internet, procurei nos postos de saúde, hospital e ninguém podia me ajudar”, contou.
Desesperançada pela falta de ajuda em buscar o caminho para a doação, Cris começou a retomar a sua rotina de trabalho e do lar. Mas, passado algum tempo, ela decidiu novamente, junto à cunhada, tentar ajuda. No início do mês de abril deste ano, ela voltou ao posto de saúde central do município. “Perguntei com quem eu poderia falar e quando vi já estava sendo encaminhada para fazer os procedimentos de doação em Joinville”, contou Cris. A situação de Kátia foi um pouquinho diferente. Em Joinville, ela fez os exames de sangue e agora está aguardando o resultado para ver se tem condições de realizar a doação de medula.
A solução começou quando ela teve uma conversa com a secretária Municipal de Saúde Maria de Fátima Mendes Afonso. “Aqui na Secretaria de Saúde é um lugar em que estamos acostumados sempre a ajudar as pessoas. Mas naquele dia fiquei extremamente surpresa quando a Cristiane e a Kátia entraram na minha sala. Elas se sentaram e só vieram para pedir informação de como realiza doação de medula. Fiquei muito emocionada com a atitude”, conta Fátima.
A secretária então chamou a enfermeira responsável, Juliana Hütl, que as encaminhou direto para Joinville. Fátima aproveita para avisar a quem tiver interesse em realizar a doação de medula, que procure o Posto Central de Saúde para ser encaminhado. Vale destacar que a Cris e Kátia, na condição de doadoras voluntárias, foram levadas a Joinville através da Prefeitura e não tiveram custos com transporte.
Campanha de Doação de Medula
Cris e Kátia demonstraram uma atitude que serve de exemplo para todos nós. E a partir desse episódio, elas também inspiraram o início de uma campanha para doação de medula óssea no município, por sugestão delas mesmas. O objetivo, segundo elas, é fazer com que as unidades de saúde de Rio Negrinho disponibilizem informações sobre a doação de medula e os procedimentos para ser encaminhado para realizar a cirurgia. Além disso, que profissionais da saúde receberam capacitação para orientar a população.
“Pensei, lidar com câncer não é fácil, e fiquei comovida com isso. Quando a gente não tem problema, a gente não pensa que outras pessoas podem estar sofrendo. Comecei a pesquisar e vi muitas pessoas, principalmente crianças pedindo doações pela internet, o que me deu mais vontade ainda em ajudar”, explicou.
Cris conta que poderia estar ajudando há muito tempo, mas não tinha informações suficientes para chegar até a doação. “O tempo vai passando, e o tempo para quem está precisando é muito curto. É desesperador para a família que está passando por uma situação dessas, da espera por uma doação. Tem pessoas que têm vontade, mas não tem coragem e informações suficientes sobre a doação”, concluiu.
Informações sobre a doação de medula óssea
(de acordo com o Instituto Nacional de Câncer – INCA)
Passo a passo para se tornar um doador:
– Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde poderá doar medula óssea. Esta é retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, e se recompõe em apenas 15 dias.
– Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue com 5ml para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.
– Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante.
– Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação.
– Tudo seria muito simples e fácil, se não fosse o problema da compatibilidade entre as células do doador e do receptor. A chance de encontrar uma medula compatível é, em média, de uma em cem mil!
– Por isso, são organizados Registros de Doadores Voluntários de Medula Óssea, cuja função é cadastrar pessoas dispostas a doar. Quando um paciente necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação.
– Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte.
– A doação de medula óssea é um gesto de solidariedade e de amor ao próximo.
– É muito importante que sejam mantidos atualizados os dados cadastrais para facilitar e agilizar a chamada do doador no momento exato. Para atualizar o cadastro, basta preencher este formulário.
Caso você decida doar
1. Você precisa ter entre 18 e 55 anos de idade e estar em bom estado geral de saúde (não ter doença infecciosa ou incapacitante).
2. Como é feita a doação
Será retirada por sua veia uma pequena quantidade de sangue (5ml) e preenchida uma ficha com informações pessoais.
Seu sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), que é um teste de laboratório para identificar suas características genéticas que podem influenciar no transplante. Seu tipo de HLA será incluído no cadastro.
Seus dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se você for compatível com algum paciente, outros exames de sangue serão necessários.
Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para confirmar que deseja realizar a doação. Seu atual estado de saúde será avaliado.
A doação é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por um mínimo de 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana. Para mais informações, ligue (47) 3207-2122 Secretaria Municipal de Saúde de Rio Negrinho.
Fonte: Prefeitura de Rio Negrinho