A alta ocupação nos leitos de UTI destinados ao tratamento de casos de Covid-19 na região Nordeste e Planalto Norte de Santa Catarina vem mobilizando discussões da comissão macrorregional de saúde. A preocupação expressa pelo grupo está no crescimento da ocupação nas últimas semanas, atrelada à não criação de novos leitos. A região deve adotar medidas mais restritivas para conter o agravamento do quadro.
Segundo levantamento da região somente entre os leitos SUS exclusivos para Covid-19 a ocupação em Joinville na noite de ontem (6) era de 96%. De acordo com boletim publicado nesta terça-feira pela prefeitura, entre leitos de UTI públicos e privados a ocupação chegou a 80%, o mais alto índice desde o início da pandemia. Hoje o número é de 74%. O levantamento feito pela região mostrava que, dos 50 leitos SUS exclusivos para Covid 19 na cidade, somente dois estavam livres.
Ao analisar os dados da macrorregião, a ocupação dos leitos de Terapia Intensiva destinados a Covid 19 também não representa situação de conforto para os gestores: a ocupação é de 78%. Somente entre os leitos adultos da região nordeste, onde estão os 50 leitos de Joinville mais os 10 de Jaraguá do Sul, a ocupação chegou a 95%.
O Secretário de Saúde de Joinville, Jean Rodrigues da Silva, expressou preocupação. “Farei hoje uma recomendação aos diretores de todos os hospitais de Joinville, públicos e privados, para priorizarem o atendimento das áreas restritas e o atendimento das UTIs. Se precisarem fazer o cancelamento de cirurgias eletivas, que o façam. Neste momento a prioridade é manter as UTIs funcionando e garantir a capacidade de atendimento para a população”, afirmou.
Jean também informou que fez contato com o secretário de estado da saúde. “Precisamos da contratação de profissionais a nível de urgência e precisamos também da contratualização de leitos privados para aumentar a capacidade SUS”, concluiu o secretário, que reforçou ainda a importância de realizar a testagem em todos os casos suspeitos, para acompanhar os pacientes e evitar o agravamento do quadro clínico.
Para a coordenadora da comissão, Ana Maria Groff Jansen, é necessário o alinhamento dos protocolos de acolhimento. “Sabemos de hospitais particulares que têm se recusado a fazer o teste em pacientes do grupo de risco que tiveram contato com positivados e estão com sintomas leves. Quando os pacientes retornam, o quadro já agravou, e assim eles necessitarão de leitos clínicos ou de UTI que poderiam não ser necessários se o tratamento tivesse sido precoce. Nesse sentido reforçamos também a necessidade da aplicação de um protocolo regional que priorize a testagem”, interviu. Ana também é diretora executiva do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Nordeste de Santa Catarina (Cisnordeste).
Conforme informado pela prefeitura de Joinville, entre os motivos para o aumento na ocupação dos leitos está a redução momentânea no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt para ajustes na escala de profissionais. Segundo o diretor do hospital, Evandro Rodrigues Godoy, o número de leitos já foi atualizado. “Agora nós temos dez leitos de Terapia Intensiva na antiga Infectologia e temos dez leitos de Terapia Intensiva no setor ‘B’. Neste momento temos quatro pacientes sendo transferidos pra este novo setor”, esclareceu o diretor.
Na reunião realizada nesta segunda-feira, a comissão também manifestou preocupação pela possibilidade de recepção de pacientes fora da macrorregional, em municípios com ocupação em 100%. O Governo do Estado faz o acompanhamento e a gestão dos leitos SUS e está atualmente fazendo o remanejamento de pacientes para liberar algumas vagas em cidades com altas lotações.
Para a Secretária-Executiva da Amunesc, Simone Schramm, o momento é de cautela da população. “Vamos solicitar ao Governo do Estado que dê prioridade para a conclusão dos leitos de UTI do Hospital Regional e que contrate mais profissionais de saúde para atender a demanda, que cresce vertiginosamente. Enquanto não temos uma resposta do estado, ressaltamos o pedido: se puder, fique em casa”, declarou.
Sobre a comissão
A Comissão Regional para combate e enfrentamento à Pandemia do Novo Coronavírus na macrorregião Planalto Norte e Nordeste se reúne todas as segundas-feiras para abordar medidas de controle da pandemia. Nas reuniões são analisados os dados da macrorregião e propostas alternativas para a tomada de decisão do poder público. Integram o grupo pelos diretores executivos das Associações de Municípios (Amunesc, Amvali e Amplanorte), dos consórcios intermunicipais de saúde (Cisnordeste e Cisamurc), pelos presidentes da CIR Nordeste e da Planalto Norte, pelo coordenador macroregional de saúde de Joinville e a supervisão regional de saúde de Mafra, pelos apoiadores do Cosems da região Nordeste e da região Planalto Norte e técnicos da secretaria municipal de saúde de Joinville. No total, 26 municípios compõem a macrorregional.